terça-feira, 19 de março de 2013

Next: Bob Gruen!! fotografo e amigo!!


Conhecido como o fotógrafo do Rock’n'Roll, Bob Gruen já teve oportunidade de registrar momentos únicos de nomes clássicos da música mundial, tais como John Lennon, Yoko Ono, The Clash e, mais recentemente, também acompanhou a banda Green Day em alguns shows da sua última tour. Amigo do trio punk rock e admirador de seu som, Gruen vem fotografado Billie, Mike e Tre por mais de 12 anos, e garante que tem fotos suficientes para lançar um livro todo dedicado a eles. “Lançar este livro é uma idéia que tenho, quem sabe daqui dois anos,” afirmou ele em entrevita concedida exclusivamente ao Green Day Eulogy nesta sexta-feira, 18.
Lançar livros com suas fotografias, aliás, é algo que Bob já vem fazendo há alguns anos, assim como suas exibições ao redor do mundo. Há cerca de um mês ele esteve em São Paulo no evento “Let’s Rock”, para mostrar suas imagens aos fãs e contar a história delas em uma palestra.
Nesta entrevista, ele falou muito sobre o Brasil e sobre sua relação com a banda Green Day, além de ter nos mostrado uma foto do Billie Joe registrada em Nova York, há exatos 10 anos. Confiram!
Vamos falar sobre o Brasil, porque você esteve aqui recentemente, certo?
Estive aí há duas semanas, em uma exibição no Oca (Museu em SP), a “Let’s Rock”. Ainda falta uma semana pra acabar, eu acho, vai até o próximo domingo.
De tudo o que eu ouvi e li a respeito, a maioria das pessoas compareceram apenas para te ver, ver suas fotos e ouvir suas histórias. As pessoas realmente te amam no Brasil. Como foi isso para você? Como foi a recepção dos fãs brasileiros?
Foi uma ótima recepção para mim. Acho que sou bem conhecido no Brasil agora, eu concedi entrevistas à imprensa nacional, e tem um documentário sobre mim chamado “Rock’n’roll Exposed”, e ele tem sido transmitido na HBO da América Latina. Então estou bem. Estive no Brasil há 5 anos quando fiz uma exposição para a universidade FAAP.
Então você não veio pra cá com o Green Day?
Não, não estive com o Green Day. Eu quis ir, mas quando eles foram aí há um ano e meio, nós conversamos e eu quase fui, mas havia prometido a uma amiga que iria ao seu casamento, pois eu ficaria no lugar do pai dela e a levaria ao altar, então era algo importante. E o Green Day planejou ir na quarta à noite, e eu não chegaria a São Francisco até sexta. Foi triste para mim, porque eu realmente queria vê-los em São Paulo, queria levar meus amigos do Brasil para ver o Green Day, mas não deu certo. Espero que na próxima vez que eles forem, eu possa ir junto.
Adoro estar no Brasil, e é incrível o respeito que recebo dos fãs.
Os fãs brasileiros são meio diferentes, né? Muito apaixonados.
Eles curtem muito rock’n’roll e parecem saber do que está acontecendo. Muitas pessoas me reconheceram, e me agradeceram pelo meu trabalho e pelo que eu fiz. Eu fico grato com isso. É muito legal. Eles gostam do meu trabalho, e eu agradeço. Quando eu tiro foto e as coloco em uma revista por anos, nunca sei quem poderá vê-las. Se você for um músico e fizer shows, você vê que eles ficam maiores, e você pode de fato ver os fãs. Mas eu nunca sei quem está vendo a revista ou olhando o site. Então quando as pessoas me abordaram no Brasil, um monte delas estava me fotografando com os seus celulares, e isso foi incrível.
Eu vi muitas fotos suas, e alguns fãs filmaram a sua palestra.
Sim, eu sei que são os fãs de Green Day. Eles adoram essa tecnologia. Quando saiu o filme “Rock’n’Roll Exposed”, o Billie Joe foi um dos entrevistados, e em duas horas após a primeira exibição do documentário na Inglaterra, as partes onde ele fala estavam todas na internet. E naquele dia eu também falei, e no dia seguinte, tudo o que eu havia dito sobre o Billie Joe estava na internet.
O que você acha sobre isso? Você é fã de internet? Assiste vídeos no Youtube?
Não passo muito tempo na internet. Gosto de sair e fazer coisas de verdade. Nunca gostei de televisão, e acho que computador parece tv. Por outro lado, acho fantástico, por exemplo, que eu possa estar aqui falando contigo, e que você possa me ver. Eu enviei uma foto da minha exposição em São Paulo ao Facebook, e com uma hora e meia, 50 pessoas do mundo todo, da Inglaterra, Japão, Alemanha… pessoas de todo o mundo sabiam o que eu estava fazendo.
Isso é incrível. É a melhor parte de tudo isso, na verdade. Especialmente com o Green Day, porque eles fazem shows secretos e as pessoas querem ver. Pessoas do Brasil ou Japão, mas eles não podem, porque não moram nos Estados Unidos.
Bem, a maioria das pessoas que moram também não consegue ver os shows. Eles tocaram em Nova York no outubro passado, num clube bem pequeno onde, em uma noite normal, você mal encontra trinta ou quarenta pessoas, e se ele estiver lotado, talvez umas 100, e o Green Day levou 200 pra dentro. Foi um show incrível. Eles tocaram 2h30 só de músicas novas, 25 músicas novas, sem parar. Eu não sei como conseguem fazer isso. Às vezes uma banda pode tocar 3 ou 4 músicas novas, mas não 25 de uma vez só. Mas a questão é que só tinham 200 pessoas lá, e tem 8 milhões de pessoas em Nova York. Não sei se são todas fãs de Green Day, mas sei que mais de 200 gostariam de estar lá.
Como você conheceu o Green Day? Como teve a chance de trabalhar com eles?
Na verdade, a primeira vez que os encontrei, ambos estávamos hospedados no hotel Sunset Marquis em Los Angeles. Eu acho que eles estavam gravando um disco e aconteceu de estarmos ali a negócios. Nós nos encontramos no bar, e eu me lembro que o Tre tinha tipo uma arma com ele, e estava tentando atirar os drinks das pessoas para fora das mãos delas, e eu tive que dizer a ele que essa era uma péssima idéia. E Billie e eu conversamos um pouco, e essa foi a primeira vez que realmente nos encontramos. Mas meu amigo Jesse Malin, que é um compositor de Nova York, e era líder de uma banda chamada D Generation, era amigo do Green Day e eles foram à Inglaterra para abrir o show do Green Day.
Quando foi isso?
Foi no fim dos anos 90. Ele nos convidou para ir junto e nós ficamos na Inglaterra por uma semana, e eles tocaram em Astoria, e acho que em Brixton Academy, e depois viajamos de ônibus com eles à Paris, e foi quando eu falei mesmo com o Green Day pela primeira vez. Nós estávamos hospedados no mesmo hotel, e fomos ao mesmo show duas noites seguidas, e foi quando nos tornamos amigos. E depois disso, nós costumamos nos ver mais e mais. Eu os vejo sempre que eles vem à Nova York.
Quando você esteve em São Paulo, declarou que o Green Day é a sua banda favorita no momento.
Eu acho!
Pode nos contar alguma história engraçada com eles?
Ah, todas são engraçadas! Qualquer coisa em que o Tre esteja envolvido é engraçada. Eles são caras engraçados! Este é um dos motivos pelos quais eu gosto de andar com eles, porque são muito engraçados. Eles tem um ótimo senso de humor, e são verdadeiros, presentes, não são arrogantes e nem tentam conhecer celebridades ou estrelas. Na verdade, se você for ao backstage com eles, é muito diferente, não tem celebridade ou estrela, geralmente é só a banda e sua família. Porque eles são um grupo profissional, não tem muitas pessoas que ficam andando com eles por aí, só para tomar uns drinks ou coisa do tipo. É muito tranquilo o backstage, na verdade. Algumas vezes pode aparecer um amigo que seja celebridade, mas eles não convidam para ter nomes. Eles se mantêm verdadeiros, e são pessoas extremamente engraçadas.
Então, às vezes você tira fotos deles somente porque gosta de andar com eles, certo? Não é trabalho pra você.
Eu não trabalho pra eles. Eles nunca me pagam! Eu vendo minhas fotos à revistas, de vez em quando. Tenho tirado fotos deles por 12 ou 14 anos agora, então talvez faça um livro com todas as minhas fotografias nos próximos dois anos, ou um dvd, algo do tipo, para publicar todas elas. Mas faço porque realmente gosto, não como um trabalho. Se eu não trabalhasse com eles, ainda assim iria aos seus shows. Eu gosto dos shows deles, são divertidos, e acho que é o melhor show que existe. Eles tocam 2h30 ou 3h, sem parar, e uma coisa que realmente amo é que as músicas são muito sérias. Não tem intuito de pegar uma garota ou algo do tipo, elas realmente falam sobre política social. Eles falam sobre como as coisas parecem e eu gosto disso. É o mais importante pra mim.
Eu ia te perguntar isto, porque você já lançou livros dedicados a somente um artista, como John Lennon ou The Clash. Um livro com fotografias do Green Day é uma ótima idéia.
Sim, estou animado sobre isso. Adoraria fazê-lo. Não é um plano ainda, mas é uma idéia.
O Green Day anunciou alguns shows para este ano, na Europa e Japão. Você planeja acompanha-los nesta tour?
Espero que sim! Gostaria de ir à Paris e Berlim. Espero que eu possa.
A pergunta agora não é relacionada ao Green Day, mas eu tenho uma amiga fotógrafa, e ela tem trabalhado por muitos anos agora, e ela me disse que tem uma fotografia favorita. Ela ama todas elas, mas tem uma favorita. Você tem uma foto favorita?
Bem, isso é difícil, eu tenho muitas favoritas, porque tenho muitas fotos. São 500 só no meu livro novo, então escolher uma que seja a preferida é muito difícil. É como me perguntar qual dos meus filhos é meu favorito.
E quanto as fotos do Green Day, você tem uma favorita entre elas? Fica mais fácil para você dizer?
Não exatamente, porque tenho muitas boas. Tem uma bem legal em Wembley, outra legal em Paris, mas tem uma muito boa que é parecida com a que eu fiz com o The Clash.
Parece que a maioria dos fotógrafos tem sua preferencia sobre que tipo de fotos tirar. Alguns preferem fotografar mulheres no estúdio, em uma sessão de fotos, outros preferem crianças, etc. Qual a sua preferência?
Acho que todos os fotógrafos gostam de tirar fotos de mulheres em estúdio. [risos] Mas eu não tenho uma preferência. Gosto de tirar fotos o tempo todo. Gosto de fotos de backstages, de shows ao vivo, de quando você está viajando e tira uma foto casual. Gosto da imagem que conta uma história.
É por que este motivo que você escolheu fotografar artistas do rock’n’roll?
Para mim, o rock’n’roll se trata de liberdade e liberdade de expressar seus sentimentos. Bem alto. E eu gosto de fazer isso, gosto do público, da excitação do rock’n’roll, me faz sentir bem. E eu gosto de tudo sobre ele, a luz, o som e, às vezes, gosto da banda. [risos] Funciona para mim.
Tem algum músico brasileiro que você goste? Você é amigo do Supla, certo?
Sim, e eu sempre amei o que o Supla faz. No momento ele está nos Estados Unidos. Ele tocou em Nova York esta semana, e tem uma banda com seu irmão, chamada “Brothers of Brazil”. Seu pai é um cara incrível e ele me levou para ver os “Racionais”. O problema comigo e com a música brasileira é que eu não sei português, e , para mim, não apenas o som da música, mas as palavras são importantes. Eu gostei do som e da energia da plateia dos “Racionais”, mas não sabia o que estavam dizendo. E isso é um problema para mim, porque gosto de saber o que as pessoas estão dizendo.
Qual o melhor show do Green Day que você já foi?
Não sei, já vi ótimos shows. Todos eles são bons, eu não me lembro de nenhum ruim. Eles foram ótimos quando tocaram no Giant Stadium, fantásticos em Wembley, talvez ainda melhor quando tocaram em Paris. Melhor que isso, eu gosto de ver o Foxboro Hot Tubs, porque eles tocam em muitos clubes pequenos.
O que você espera dos próximos álbuns do Green Day?
Eu vi na internet que o Billie Joe diz que eles são sobre sexo. Todo mundo gosta de sexo.
Então todo mundo vai amar o álbum!
Espero que sim!
Pode mandar uma mensagem aos fãs brasileiros?
Sejam vocês mesmos, porque todos os outros já tem dono.
Foto do Billie Joe enviada por Bob Gruen:

Billie Joe from Green Day at Madison Square Garden in New York in 2002. / Billie Joe do Green Day na Madison Square Garden, em Nova York, em 2002.
Comentário do fotógrafo: “Maybe they need a new statue in Rio?” / “Talvez eles precisem de uma nova estátua no Rio?”

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